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O Canto Racial e
o Letramento  Antirracista

Marcus Vinicius Silva

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Precisamos rejuvenescer

​          Belchior toca ao fundo e diz “Você não sente, não vê, mas eu não posso deixar de dizer, meu amigo, que uma nova mudança em breve vai acontecer o que há algum tempo era novo, jovem, hoje é antigo. E precisamos todos rejuvenescer.” Escuto a música, presto atenção na letra e tento escrever sobre a importância de termos enquanto sociedade o compromisso do cuidado com as crianças e os adolescentes. Falo no plural pois há uma pluralidade de infâncias e adolescências espalhadas por este Brasil. E a nova mudança que nem tão nova é, mas, com o passar de cada dia, precisa urgente rejuvenescer, florescer e ser papo nas rodas de conversas e, principalmente, entre os que pregam um mundo com paz. ​          Esqueci de me apresentar - sou Marcus Vinícius, tenho 46 anos, educador atuando na área social há mais de 26 anos. Atualmente, atuo no projeto educacional Ler, Viver e Existir, que trabalha a educação não formal sob a perspectiva de uma abordagem antirracista, com ênfase no Letramento Racial e a emancipação para a vida. As atividades do Projeto acontecem no território da Praça Seca para crianças e adolescentes e em oito unidades do DEGASE (Departamento Geral de Ações Socioeducativas) com adolescentes privados de liberdade. Foi neste projeto que há dois anos conheci a rotina e muitas histórias de adolescentes os quais aos 12 anos já estavam privados de liberdade por conta de um ato infracional. As várias histórias me fizeram pensar sobre muitas coisas como: a importância de políticas públicas, uma educação mais inclusiva, a extrema pobreza e a eficácia de um serviço de socioeducação que pouco educa e conversa com aquilo que é necessário para aquele educando e sua família. ​           Volto à música que me trouxe o gancho desse texto: “Nunca mais teu pai falou: She's leaving home. E meteu o pé na estrada like a Rolling Stone”, penso - de acordo com o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente - Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes - as instituições deveriam estar mais próximas destes indivíduos, sejam eles os do meio aberto, próximo de suas famílias e escolas, quanto os reclusos por terem cometido um delito. Sei que muitos dirão ser este um problema pelo qual não devem carregar, pois o Estado está aí para isso ou que os pais que fizeram tratem de cuidar. Mas, ao não nos responsabilizarmos enquanto sociedade civil da forma que conseguimos, seja através de incentivo financeiro aos projetos atuantes na área, nos voluntariando para colaborar com alguma entidade, ser parceiro da escola do bairro, doando livros e cobrando do Estado a importância da execução de políticas e recursos eficazes nas áreas da educação e socioeducação, muita coisa não irá mudar e seguiremos na busca eterna da paz.                     No entanto, podemos fazer deste espaço um movimento de troca, pensamento e até de construção de novos parceiros. O lance para evoluirmos e construirmos uma sociedade mais justa é iniciarmos. E meter o pé na estrada como canta Belchior em Velha roupa colorida.     Música: Velha Roupa Colorida Autor: Belchior – 1976

O Ler, Viver e Existir, representado pela pedagoga Beatriz Batistela, recebeu menção honrosa, 14o Prêmio Patrícia Acioli, AMAERJ, pela Prática Humanística de Incentivo à leitura e letramento racial para crianças, adolescentes em vulnerabilidade e no socioeducativo. Foi uma cerimônia emocionante! Estamos honrados com prêmio.

Foto Prêmio Ler 3.jpg

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