O que nos torna leitores?
- Marcela Tagliaferri
- 29 de ago.
- 2 min de leitura

É uma questão a ser discutida. Embora, desde de que nascemos somos leitores da vida. Lemos através das sensações, do sentir. O bebê que experimenta a vida através dos olhos de quem cuida. Ele começa pelo instinto em função das necessidades que são atendidas ou não, então, o vínculo vai sendo construído e precisa ser alimentado permanentemente. Tendemos a associar a leitura com a escola e a ideia de obrigação. No entanto, a leitura é muito mais do que o saber formal. Somos leitores o tempo inteiro, da nossa vida, do nosso entorno, das nossas relações, das imagens ao nosso redor, das músicas escutadas, das fotos, filmes, exposições e seriados. Lemos a vida cotidianamente. Então, por que ler textos, artigos e ficção se torna algo desconfortável para inúmeras pessoas? Ou quando nos permitimos é de forma fragmentada. Ao meu ver, a vida nos endurece com as suas exigências diárias e o excesso de estímulos nos afasta do nosso silêncio. Do momento de olhar para si e tentar se escutar livre das exigências. Para abrir a imaginação para o ato de ler, precisamos focar. Ler é um ato de imaginar, de criar realidades, de participar e de se sentir pertencente.
A palavra me encanta pelas inúmeras possibilidades criativas entre poesia, prosa e tantas outras imagens. Presas em primeiro lugar à oralidade. É o falar, é o dizer, é o silenciar que nos torna quem somos – seres culturais. Quando lemos algo que nos encanta, somos mobilizados a querer mais, a repetir a experiência. Eu sou uma pessoa curiosa sobre a vida, a busca do sentido, a forma como as coisas acontecem, e, principalmente, pelas imagens que construímos através do saber. Apesar de querer compreender, de querer ter respostas sobre o que acontece, o que existe nas entrelinhas, estou sempre procurando por respostas e elas me levam a tantas outras questões. Preciso de imagens que me estimulem a pensar e o mundo da metáfora abre um canal, criando espaços de imaginação capazes de me fazer refletir e repensar o que é dado como óbvio e verdade. Assim, caminho lendo a vida, as pessoas, a mim mesma e os livros para alargar a minha criação de novas realidades junto ao mundo da imaginação.
Se permita sonhar, imaginar e, então, criar brechas no viver, saindo dos problemas cotidianos, fazendo uma suspensão da realidade para voltar de outra forma. Quer participar desta jornada da imaginação e do autoconhecimento vem com a gente e cocrie as suas leituras e criações.
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